Quem sou eu, que me olho no espelho,
E vejo sombras de um rosto que já não reconheço?
Sou aquele que fui, moldado pelo ontem?
Ou um reflexo distorcido, forjado pelo desejo do amanhã?
Pela estrada sinuosa dos dias,
Perdi pedaços do que chamava de "eu".
Deixei cair fragmentos no altar da ambição,
Ofereci ao vento sonhos que eram apenas meus.
E quem é esse que me habita agora,
Com o peso de tantas máscaras usadas?
Cada uma vestida na esperança de ser alguém,
Mas, ao fim, todas desnudaram o vazio.
Busquei ser o que os outros esperavam,
Ergui-me como uma estátua de mármore frio.
Mas no silêncio da noite, ouço a pergunta persistente:
Onde está aquele que brincava à luz do sol?
E se o passado é um eco, o futuro um sussurro,
Quem sou no presente, senão um estrangeiro?
Perdido entre o que fui e o que desejo ser,
Flutuo, sem âncora, no oceano do não saber.
E ao olhar para trás, vejo pegadas apagadas,
Caminhos tomados por um eu que já se foi.
As memórias não são mais que fantasmas,
Sussurrando verdades que nunca ousei ouvir.
No espelho, vejo não um rosto, mas um enigma,
Um labirinto onde me perco e me encontro.
Sou ao mesmo tempo a pergunta e o silêncio,
A busca incessante pelo que nunca fui.
O tempo, cruel escultor, esculpe-me em dúvidas,
E minhas certezas desmoronam como areia ao vento.
Se a vida é palco, então sou ator sem roteiro,
Encenando um papel que nunca escolhi viver.
Se sou feito de escolhas, também sou de renúncias,
De silêncios que gritam e noites sem fim.
Cada cicatriz conta histórias que evitei contar,
Cada sorriso escondia um grito preso em mim.
E, no fim, talvez não haja resposta,
Apenas o vazio que clama por significado.
Mas há algo no não saber que ainda pulsa,
Uma promessa tímida de que ser é o próprio ato de buscar.
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Autor:
Skar (
Offline)
- Publicado: 22 de abril de 2025 12:25
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 4
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