Além do que se vê.

Não há nada em mim que possa ter para ti
Que não seja um gemido de minha fidelidade,
Que nada é, senão um rabisco de nós.

Te encontro no olhar exaurido que é teu,
No peito doído que não bate mais o mesmo
Coração: como na face tímida que a natureza te deu.

Já desaguas em outro mar, e os teus olhos...
Ah! Os teus olhos buscam outros horizontes.
Descubro no teu rosto triste as lágrimas que mediam você e eu:

Vejo, então, que não há nada em ti
Que possa ser para mim de bom tom,
Além de uma brisa que um dia já foi chama.

Peço que seja cúmplice de meu egoísmo:
Não deixe enfadar as nossas lembranças,
nem as nossas folhas - mesmo que já desgastadas

Que foi tudo que me conservou em teu quadro,
Além do retrato e das linhas onde o nosso Amor
Congelou.