Anjos murmuram promessas de paz
com vozes finas demais pra acalmar o peito
suas asas cansadas mal sustentam a fé
e ainda assim, continuam ali — imóveis, atentos
como quem espera uma queda já prevista
Mas os demônios, ah…
esses dançam com pressa sobre a pele
arranham o peito com unhas de lembrança
e apertam, sem piedade,
até o ar virar caco, até o grito ser silêncio.
Há uma guerra que ninguém vê,
onde o corpo treme, mas não corre,
onde o coração grita, mas não sai som.
E no meio desse campo invisível,
as palavras se desfazem antes de serem ditas,
como se a boca soubesse que não adiantaria.
O passado bate à porta com rosto que não se lembra,
mãos estendidas cheias de pedidos,
mas nenhum abraço verdadeiro.
E então acusam, como se amar fosse obrigação,
como se ausência não fosse também uma forma de cicatriz.
E as cápsulas voltam como soldados de paz,
mas há paz em não sentir?
Ou é só um silêncio forçado
que mascara o caos do lado de dentro?
E mesmo quando o abrigo tem nome
e mora no colo de alguém que acolhe,
o corpo falha, congela, esquece como se mover
é o paradoxo de querer e não conseguir
de precisar e, mesmo assim, não caber.
E no final, quando tudo silencia
e os anjos se cansam de sussurrar,
resta a pergunta que arde mais do que tudo:
Se eu não sinto o que esperam de mim...
será que sou menos digna de sentir algo,
ou só mais honesta por não mentir pro coração?
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Autor:
Iara (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 20 de abril de 2025 17:51
- Categoria: Triste
- Visualizações: 8
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Comentários1
Gostei! Lindo título!
Olá, obrigada! Que bom que gostou.
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