Eu sou a maior atriz da minha vida,
como todos meus amigos perguntam
se estou bem, e eu nunca digo
o que realmente sinto.
Até porque a melancolia não combina comigo
mesmo no fundo sabendo o quão melancólica eu sou.
Apenas me maqueio, finjo alguns sorrisos,
afirmo que está tudo bem.
E quando não está,
não aprofundo sigo leve,
como se fosse capaz de desabar
na minha própria companhia.
Pra vida, entro no meu personagem,
seguo o roteiro que escrevi.
Mas quando volto pra realidade,
ele ainda está aqui...
Na terapia, conto minhas questões,
falo das dores que carrego,
mas outra pessoa toma a frente,
como se nem doesse tanto assim.
Parte de mim diminui tudo
aquilo que eu sinto,
outra parte se afoga
na profundidade dos sentimentos.
Minha maior luta é comigo mesma.
No teatro da vida,
quem me interpreta
nem parou se quer pra me ouvir,
nem perguntou como eu me sinto.
E mesmo assim, ainda fico
na dualidade entre o eu e meu eu
abraço-me e me acolho
fazendo com que me identifico
com minha dualidade, fazendo parte
de um todo...
E no fim, eu estou aqui,
por mim.
Entre eu e meu eu.
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Autor:
Anna Gonçalves (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 19 de abril de 2025 12:37
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 12
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Comentários1
No teatro da vida, somos simultaneamente atores e figurantes, sem um papel nem guião definido.
Belo poema! Gostei bastante, cara Anna.
Abraço
Muito obrigada.
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