Mãos cansadas
Nelas são bem visíveis os calos estourados,
adquiridos em dias normais, dias de trabalho.
Pele ressecada, maltratada por esse tal de "bom dia",
de sol quente, sobre um olhar frio e uma cabeça pesada.
Essas mãos cerradas, que até parecem aguentar uma dor,
porém seguram o cabo da enxada.
Se calcular o tempo, perceberás que, fora a hora do trabalho,
pra viver não sobrou nada.
E aquelas mesmas mãos se colocam no rosto e escondem a cara,
e uma lágrima salgada
de um pensamento conhecido: "Isso nunca acaba?"
A esperança do trabalhador é que, daqui a uns anos,
alcance a aposentadoria,
faltando pouco de areia na ampulheta
e, com muita sorte,
alcance seu descanso na morte.
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Autor:
Cristão (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 16 de abril de 2025 23:45
- Comentário do autor sobre o poema: As mãos de vida se cansaram
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 8
Comentários1
Seu poema retrata a realidade de muitos que só alcançam o descanso na morte. Belo tema abordado poeta. Bom dia.
Muito obrigado pelo comentário
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