MAR

O som do mar ressoa pelo seus ouvidos

Uma sensação reconfortante

Como estar de volta em casa

Distante o suficiente

Mais que suficiente

Dos amargores que se formaram

Nas penumbras de ausência

Vivendo dilemas

Carregados de traumas

Tão sufocante

Que até o mesmo o aprendizado

Primordial

De consumir o oxigênio

Se torna uma tarefa quase impossível

O repouso um pouco antes de adormecer

É um convite sem rodeios

De uma esperança enfraquecida

Mesmo que a imaginação

Seja um fio fino

Que ainda sustenta toda essa realidade

Fétida

Sonhar com o mar acalma

Até mesmo a lágrima salgada

Tem um poder inimaginável

De esboçar um sútil sorriso

Todo nós sabemos

Que precisamos ser forte

Porque a vida não tem paciência

Ninguém se importará

Os problemas são somente pertencente

A este nome

Essa história

Ninguém irá querer olhar essa parte do livro

Sobrevivendo

Em uma constante perda de tempo

Numa tentativa vazia de ganhar segundos

Mas será que realmente

Queremos ser esse poço sombrio?

Sozinhos?

Carregando dilacerantes feridas?

São questionamentos

Apenas dúvidas

Sem respostas

Que se inundam como o mar

Atingindo a praia

Depois a pista

As ruas

Os prédios

Enfim

Toda a vida

Mesmo que sejam apenas palavras

Tão tarde da noite

Uma madrugada qualquer

Eu também estou vendo esse mar

O particular seu

Sinceramente

Eu não sei por quais tormentas

Você precisou atravessar

As feridas que guarda em segredo

No canto do seu quarto

Em que nem mesmos os mais próximos

Podem enxergar

Talvez eu seja apenas um desconhecido

Que o mar trouxe mais para perto

Sei que tudo parece confuso

Mas

Tudo no seu tempo

Não precisa de pressa

Eu estarei aqui a noite toda

O tempo que os oceanos do seu olhar

Preenchem cada cômodo

E depois e depois

A eternidade que você quiser

Ouvindo os motivos

Que te levam a fantasiar

Sobre mar

Todas as noites

Um pouco antes de

Adormecer