Faxina de comparação

Jose Rinaldo Pinheiro Leal

Domingo calado! Como a minha dor,
Que silenciosamente me corrói por dentro.
Na garganta, o soluço entalado,
E eu quieto, como um animal que sofre
Calado no seu canto, sem reclamar,
Sem derramar o seu pranto.

Como um animal, eu também não me entrego.
Me levanto, pego uma vassoura,
Faço uma faxina, limpando ao meu redor,
E arrumando a bagunça que eu não posso
Fazer por dentro. Apenas matando o tempo,
Ocupando os pensamentos que querem me arrastar
Para corredores de medo e escuridão,
Onde não vejo saída, nenhuma luz,
Nenhuma razão para seguir.

Vou continuar aqui, mudando um móvel
De lugar, tirando pó, esfregando o chão,
Tentando tirar a mancha que, na verdade,
Está no meu coração. Toda essa dor
Que não sai com água e nem sabão,
E nem se pode varrer essa solidão.



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