Para Meu Pai

Avelino

Na mala, quase nada cabia,

de papelão, amarela,

suéter (tricô da mãe), uma coberta,

terno de cadeira inglesa,

(para ser mais elegante),

par de sapatos borzeguins,

(o pai era sapateiro).

Foi para a capital, para ser músico,

tocar na banda do dancing,

(clarineta).

Casou.

Virou tipógrafo, tinha que viver.

Também fotografava.

Um dia, vendeu a Rolleiflex,

(filho doente).

Não mais fotografou,

nem músico se tornou.

Uma noite, foi hospitalizado,

e não mais voltou.

Ainda tenho as fotos,

à ele não.

 

 

 

  • Autor: Avelino (Offline Offline)
  • Publicado: 7 de agosto de 2020 11:57
  • Categoria: Ocasião especial
  • Visualizações: 36
Comentários +

Comentários1

  • Edla Marinho

    Triste, porém lindo! Um bom fim de semana. Um abraço



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.