Corando na pele do mulato

Jhonatan

Na praça escura do centro,
onde nem os sons mais hostis pensam em ficar,
tudo era apenas fumaça e cheiro de fumo.
Mesmo sem ninguém presente,
tudo parecia perdido.

Até que ela me apareceu:
branca, bonita e gentil.
Nossas peles, o contraste perfeito.
Minha pele, mesmo escura, corava
ao ver a dela, tão pálida
era como um pedaço do céu:
frágil, delicada e pura.

Criamos laços, história, afeto.
Mas a vida jogou água no meu rosto,
me fez acordar.
Tudo era apenas um sonho.
Quando acordei, vi a vida crua
Sem reciprocidade, carinho ou promessas.
Oh, como fui tolo!

Agora, apenas ela cora,
saindo com outro, amando outro.
Ela nunca soube desses sentimentos.
Então... me fecho, perdendo o rubor.
Só me resta o hálito da tão temida solidão,
sem som, sem fala ou compaixão,
apenas meu mundo fechado.

  • Autor: Jhonatan (Offline Offline)
  • Publicado: 7 de abril de 2025 11:20
  • Comentário do autor sobre o poema: Estava guardando esse poema há semanas. Escrevi logo após perder uma amizade muito importante para mim. Mesmo sem querer levar aquilo como um namoro, senti como se tivesse perdido um pedaço de mim. Parecia que tinham arrancado algo à força, uma espécie de lobotomia emocional. Publicar isso é meu jeito de tentar aliviar o peso, fechar uma porta e seguir em frente.
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 13


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