Dezoito dias

Ludmilla Fernandes

É madrugada, me pego pensando na vida

Sentada na poltrona de acompanhante,

ao lado do leito do meu tio.

 

O sono pesa, mas a emoção pesa mais:

é difícil descansar quando a alma está acordada demais.

 

Em dezoito dias tudo mudou:

Dor que trava os passos,

Impedindo os abraços,

Roubando do filho o colo do pai, que chorou.

 

Ele, que sempre esteve de pé por todos,

agora precisa de um tempo pra se levantar.

 

E eu me pergunto com o sentimento ferido:

Por que os bons tem tanto que sofrer?

Enquanto quem tem coração endurecido,

Vive sorrindo, sem nada a temer?

 

É injusto e cruel.

Mas nessa madrugada, sigo aqui,

Sentinela de amor,

Guardando o corpo cansado de um homem bom

Enquanto tento acreditar

que há algo além da dor...

 

A voce, meu tio, homem forte, bom de alma,

Que a tempos vem lutando com o sentimento interior. 

A coluna dói, mas sempre se acalma,

Carregando o peso com muito amor.

 

Me conforta saber que Deus vê o que não vejo.

E permite as batalhas só pra quem pode lutar.

Mesmo sem entender o porque,

Lembro que a sua fé sempre vai te ajudar a caminhar.



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