Nada muda para além da vida;
o tempo,
as lutas,
ensejos.
Nada muda sem um desejo;
uma farpa
ou mesmo marca
em deletério.
O que fazem os velhos, já
esquecidos em silêncio,
as pessoas abandonadas na
miséria?
O que sentem, ou buscam, infelizes?
Há rascunhos demais por se ignorarem.
Na frívola memória de um tolo,
o mundo é simples,
existe e pronto.
Frouxa realidade,
há os que sempre lucram,
vencem em vaidade,
sem dividir na avareza.
Mais-valia que o seja,
ainda perduram os senhores do engenho,
os donos da guerra e da paz,
e, em meio à sarça,
que insurge por livramento.
A morte, ao largo do tempo,
anjo sem asas e face esquiva,
visitou o templo e trouxe ofertas
ao seu gosto,
e tributos devidos.
Olharam em vão suas vestes,
seus pecados esquecidos,
e, no gélido contar de passos,
seus desvios perdoados.
Há quem se pergunte como duvidar,
se um destino crivo tem de certo a surreição.
O mal não cumpre calçada,
caminhada inerte,
ao contrário, condena os esvalidos.
A cidadela que acoberta os fatos,
suas mazelas, misérias e violência.
Diante do fardo,
se oprime,
transforma em cerca a
distinção,
obtém a graça por imposição.
Nada mais velho
e ancestral que a imutável
escravidão do ser,
que a exploração encíclica.
Ao lado do fruto podre,
a verdade se contamina,
e segue sendo história,
culta matéria de ódio elitista.
Ao nobre, cabe a forca;
ao gentio, a moenda.
Os grilhões infindos,
já passam da noite,
os açoites, as trovas,
as armas ou escarros.
O povo sofre, pois há lei,
e o foi maior que está,
sofreu deveras,
pois estava escrito.
E permanece em cada
fala arrastada,
em cada bala perdida,
em cada filha estourada,
em toda fome e exploração.
Não há senão interesse,
esse que saboreia vitória,
encarcera vidas,
e contamina almas.
O discurso é o mesmo,
frio e violento.
O levante está a postos,
e observa, garboso,
as amarras permissivas
lançadas sobre a massa.
Ao lado de tudo,
e atento,
vislumbrar é um tormento sísmico.
Nada muda porque é além da vida,
e mantra estendido para não vingar.
E, sorrateiro, o tempo brinca.
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Autor:
Lagaz (
Offline)
- Publicado: 22 de março de 2025 19:30
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
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