O autor do crime

Sinto falta de época

Na qual meu nome era dito

Por poucas pessoas, era menos

Requisitado, era menos impresso em papel

Para coisas importantes, e não era tanto

Jogado na lama a cada erro meu

Sendo bem cuidado, tal qual filhote

Que não é independente no mundo

Sinto falta dos anos

Em que meu rosto era íntegro

Com cada pedaço de pele e músculos

Colado firmemente em meus ossos

Diferente do agora

No qual sinto todos os pedaços deslizarem

E caírem, levando junto todos os meus motivos

Para continuar sorrindo

Sinto nostalgia de quando

Sentia o sabor de cada brincadeira

Cada bebida dotada de açúcar

Cada momento feliz

Cada conquista

Cada gesto de afeto

Pois hoje não sinto gosto

De absolutamente

Nada

Busco abrigo em abraço

Desta versão da minha pessoa

Guardada em minha mente

Que viveu tudo isso

E ainda sente cada coisa boa

Desta época

Peço ajuda para estancar sangramento

E cobrir ferida que causa este

Mal estar constante

Ela me aconselha a dormir

Pois todo esse sofrimento

Irá, um dia, acabar

E logo antes de obedecer seu conselho

Ela mostra uma faca, suja com meu sangue

Esta que foi o instrumento usado

Para me colocar nesta situação

E agora a usa para completar

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