Eu olhei para dentro de mim e olhei para o céu escuro e imenso. Havia algumas estrelas, e uma delas era pequena, mas brilhava mais que todas as outras. Então, perguntei por que ela brilhava tanto.
A estrela mais brilhante e menor me disse:
"Talvez eu seja só uma estrela que brilha, disfarçando que está apagada por dentro."
Logo depois, ela me mostrou suas trevas. Era escura e molhada, com um cheiro nada agradável.
Mas ainda havia fragmentos de luz pelo lugar. Havia também um riacho que levava a um oceano enorme. Os dois eram o que mais brilhavam.
Então, perguntei:
"Por que você disse que está apagada por dentro, se há um riacho, oceanos brilhantes e fragmentos de luz por todos os lados?"
E ela respondeu:
"O que os faz brilhar ainda é a esperança. A esperança na humanidade... de que ela ainda possa ser boa."
A estrela suspirou, e seu brilho oscilou por um instante, como se estivesse cansada. Eu me aproximei, curioso, sentindo a vastidão silenciosa ao meu redor.
"E se a humanidade não for mais boa?", perguntei, hesitante.
Ela ficou em silêncio por um longo tempo, como se estivesse refletindo. Então, respondeu com a voz suave, mas carregada de algo que parecia pesar séculos:
"Então, talvez eu me apague de vez."
Suas palavras me atingiram como um vento frio. Olhei para o riacho e para o oceano, que ainda brilhavam, refletindo sua luz. E, pela primeira vez, percebi que as águas não eram apenas claras – havia sombras nelas também, correndo junto com a luz.
"A esperança nunca se apaga completamente", murmurei, mais para mim do que para ela.
A estrela sorriu – ou, pelo menos, foi essa a sensação que tive. Seu brilho pareceu pulsar levemente.
"Talvez você esteja certo", disse ela. "Mas a esperança precisa de quem a carregue. Se ninguém acreditar, ela se torna apenas um reflexo... algo bonito, mas vazio."
Olhei para minhas próprias mãos, depois para o céu imenso.
"Então, como manter a esperança viva?"
A estrela piscou lentamente antes de responder:
"Você já está fazendo isso."
Eu queria entender melhor o que ela queria dizer, mas, antes que pudesse perguntar, a estrela começou a subir. Seu brilho ficou mais intenso por um momento, como se quisesse me dizer algo sem palavras.
Então, sumiu.
O céu escuro pareceu um pouco maior sem ela. Mas, quando olhei para o oceano, vi que sua luz ainda estava ali, refletida nas águas.
E, de alguma forma, soube que ela nunca tinha ido embora de verdade. E eu sorri levemente, percebendo que a pequena estrelinha não falava sobre ela, e sim sobre mim o tempo todo.
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Autor:
Odalila Sousa (
Offline)
- Publicado: 7 de março de 2025 15:15
- Categoria: Não classificado
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