A pequena estrelinha

Odalila Sousa

Eu olhei para dentro de mim e olhei para o céu escuro e imenso. Havia algumas estrelas, e uma delas era pequena, mas brilhava mais que todas as outras. Então, perguntei por que ela brilhava tanto.  

 

A estrela mais brilhante e menor me disse:  

 

"Talvez eu seja só uma estrela que brilha, disfarçando que está apagada por dentro."  

 

Logo depois, ela me mostrou suas trevas. Era escura e molhada, com um cheiro nada agradável.  

 

Mas ainda havia fragmentos de luz pelo lugar. Havia também um riacho que levava a um oceano enorme. Os dois eram o que mais brilhavam.  

 

Então, perguntei:  

 

"Por que você disse que está apagada por dentro, se há um riacho, oceanos brilhantes e fragmentos de luz por todos os lados?"  

 

E ela respondeu:  

 

"O que os faz brilhar ainda é a esperança. A esperança na humanidade... de que ela ainda possa ser boa."  

 

A estrela suspirou, e seu brilho oscilou por um instante, como se estivesse cansada. Eu me aproximei, curioso, sentindo a vastidão silenciosa ao meu redor.  

 

"E se a humanidade não for mais boa?", perguntei, hesitante.  

 

Ela ficou em silêncio por um longo tempo, como se estivesse refletindo. Então, respondeu com a voz suave, mas carregada de algo que parecia pesar séculos:  

 

"Então, talvez eu me apague de vez."  

 

Suas palavras me atingiram como um vento frio. Olhei para o riacho e para o oceano, que ainda brilhavam, refletindo sua luz. E, pela primeira vez, percebi que as águas não eram apenas claras – havia sombras nelas também, correndo junto com a luz.  

 

"A esperança nunca se apaga completamente", murmurei, mais para mim do que para ela.  

 

A estrela sorriu – ou, pelo menos, foi essa a sensação que tive. Seu brilho pareceu pulsar levemente.  

 

"Talvez você esteja certo", disse ela. "Mas a esperança precisa de quem a carregue. Se ninguém acreditar, ela se torna apenas um reflexo... algo bonito, mas vazio."  

 

Olhei para minhas próprias mãos, depois para o céu imenso.  

 

"Então, como manter a esperança viva?"  

 

A estrela piscou lentamente antes de responder:  

 

"Você já está fazendo isso."  

 

Eu queria entender melhor o que ela queria dizer, mas, antes que pudesse perguntar, a estrela começou a subir. Seu brilho ficou mais intenso por um momento, como se quisesse me dizer algo sem palavras.  

 

Então, sumiu.  

 

O céu escuro pareceu um pouco maior sem ela. Mas, quando olhei para o oceano, vi que sua luz ainda estava ali, refletida nas águas.  

 

E, de alguma forma, soube que ela nunca tinha ido embora de verdade. E eu sorri levemente, percebendo que a pequena estrelinha não falava sobre ela, e sim sobre mim o tempo todo.

  • Autor: Odalila Sousa (Offline Offline)
  • Publicado: 7 de março de 2025 15:15
  • Categoria: Não classificado
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