Oportunidades remotas e incertas
País de cartas marcadas
Talentos se perdem na miséria
Potenciais jogados na vala
Eu tomo um baque
Vendo um tupac ali fumando crack
Subindo o morro
Me decepciono com o Brasil
Vi um Mvbill segurando um fuzil
O desemprego não poupa ninguém
Passei por um Eminem desempregado embalando um neném
Mas isso ainda não é tudo que se pode ver
No balcão da farmácia eu vi uma Beyonce
No caminhão de entrega, outro cenário
Vi um Romário carregando um armário
É sério, a nossa sociedade parece um cemitério
Cemitério de sonhos
Enterrados em escombros
Vi um Machado de Assis analfabeto
Vi um grande artista morrer de olho aberto
Tentando a sorte
Sem desistir
Mas parece que pra muitos o azar é certo
Vejo um grande poeta sem ter nem um caderno
Mas que as nossas crianças nunca deixem de sonhar
Papai Noel não existe
Mas sei que Deus está lá
E aqui também
Vejo um Silvio Santos vendendo balas no trem
Experimentem deixar de igual pra igual
Essa garotada vai dar logo um pau
Justiça não é só oportunidades
É entregar a cada um a sua parte
Quem consegue é fenômeno
Quem não consegue é anônimo
Céu e inferno
Anjos e demônios
Quem se destaca eles levam pra casa grande
Ganham dinheiro, lucram bastante
O talento na periferia já nasce com a gente
Vocês desabam com a decepção
A gente sempre segue em frente
- Autor: Andre Martins de Moura ( Offline)
- Publicado: 3 de agosto de 2020 17:15
- Categoria: Sociopolítico
- Visualizações: 106
Comentários1
Realmente, o talento nasce com a gente. Você é a prova deste título de seu poema.
Grande, André. Martins!
Estamos no mesmo navio,
1ab.
É muito mais honra receber tal comentário de alguém que navega no mesmo barco. Obrigado, Samuel. Grande abraço!
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