Ontem,
disparei mais um gatilho em mim mesma,
de algo que jurei,
com todas as forças,
nunca mais reviver.
No fim da nossa conversa,
me vi pequena,
tão menor do que sou,
ao perguntar, quase em súplica,
se iríamos ficar outra vez…
E mais uma vez,
me flagrei implorando amor
a quem não soube senti-lo como eu.
Frágil, insegura,
reduzida ao que sobrou
de um sonho que talvez só eu sonhei.
E veio a noite,
aquelas horas cruas e cruéis,
onde o peito dói
mais do que qualquer palavra não dita.
Quebrei uma promessa comigo,
com esse meu eu já tão ferido,
tão cansado de ser abandonado
dentro de mim mesma.
Você me fez questionar,
como outros já fizeram,
o que havia de errado em mim.
Como se amar demais
fosse um crime,
como se querer ser acolhida
fosse pedir o impossível.
Mas eu sei quem eu sou.
Sei da mulher foda
que carrego aqui dentro.
Só estou exausta de ser colocada
na última gaveta,
onde os sentimentos vão morrer esquecidos.
A verdade é amarga:
sinto-me usada sim,
mesmo quando você diz que me respeitou.
Mas respeito, no teu ponto de vista,
é apenas um jeito bonito
de esconder que fui apenas um pedaço
que preencheu por instantes
o teu vazio.
E enquanto eu estendia a mão e
costurava pontes entre nós,
tu erguia muros de silêncio,
desviando o olhar
como quem teme ser tocado pelo fogo da entrega.
Você me deixou só,
sem palavras, sem explicações.
E eu, sufocada pelo silêncio,
imaginei mil cenários,
inventeis dores extras,
como se a minha já não bastasse.
Eu não quero alguém
que só goste de mim.
Eu mereço amor que arda,
que queime junto,
que me faça abrigo,
que cuide do que sou,
sem me diminuir.
Porque quando a gente ama,
a gente tenta,
se esforça,
encontra caminhos
mesmo onde tudo parece ruína.
Mas você…
você desistiu tão rápido.
E no vasto deserto da minha alma,
a estrela do meu céu noturno se foi.
Como também se foi o abrigo do teu peito,
onde não encontro mais a paz.
Realmente o destino não nos
reservou a perfeição,
e me fez levar somente
a lembrança do seu abraço.
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Autor:
Morena Tropicana (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 4 de março de 2025 11:16
- Comentário do autor sobre o poema: Esse poema é um ponto final. É um desabafo de que eu também tenho as minhas promessas e não posso quebrá-las mais. Eu tenho um grande valor em mim, e eu não posso duvidar nunca mais disso.
- Categoria: Triste
- Visualizações: 9
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