Cada passo meu é o formar
De líquidos campos gravitacionais
Me puxando e afundando
Assumindo a forma de buracos negros
Encharcados e molhados
Sem uma saliência sólida
Uma certeza, uma esperança
Na qual eu possa me agarrar
Sem ouvir uma palavra minha
Você pode saber o que se passava
Comigo, pela mensagem passada
Pelo contrair dos músculos da minha face
Eles denunciaram o motivo
Do alto pedágio cobrado pelo meu corpo
A cada desejo de inspiração
E expiração
Me convidaste para encenar peça de teatro
Imitando aquilo que só de lembrar
Me faz contorcer e encolher
Escolher o desaparecer
Derreter e me recolher
Para onde posso
Me desfazer
Você insistiu no convite
Disse que isso não era
Um prelúdio para o fim
Uma doença terminal
Uma jus à palavra “limitado”
Não
Era um veneno feito de farinha
Um breve desconforto
Uma leve enfermidade
E a cada momento contigo
Pude sentir meus passos
Deixarem menos rastros
Em direção àquela memória
Que sempre me buscava
E agora me dá como
Desaparecido
Até hoje, não sei o que você fez
Um ato de mágica
Uma cirurgia
Um exorcismo
O arrancar de uma erva
Que retirou de mim
Uma maldição
Um tumor
Um demônio
Uma infestação
Só sei que
Agora posso voltar a respirar
Ao invés de ser refém de pedágio
Criado pelo meu medo
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Autor:
caiolebal (
Offline)
- Publicado: 28 de fevereiro de 2025 07:41
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 3
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