quem sabe um dia, então?

eu quero tua culpa, eu quero teu desejo

o sentimento estressante da distância

eu quero até o gosto ruim do seu beijo

eu te quero por inteiro, mesmo com relutância

eu gosto de me entregar do pior jeito possível

me jogar do oitavo andar após seu adeus 

ou jurar que nos ligamos por uma linha invisível

dizer que todos seus defeitos também são meus

esses teus cabelos loiros me alucinam

eu sugaria teu sangue igual um vampiro

não me conte como esses momentos terminam

depois disso tudo que eu profiro

quem sabe um dia eu não te chamo de meu?

e posso fundir sua lágrima na minha

fingir que a felicidade nunca ocorreu

até saberes que é comigo que você a tinha

eu quero teu toque, eu quero tua fome

tua sede de querer alguém, de me ter

eu quero que sejas aquele que não some 

que persiste até no erro, até morrer 

eu quero me fazer de alguém sem medo

de queimar na chama ardente de um coração

ou de fazer tudo disso um segredo

se eu sou a arma eu te quero de munição

os teus cachos na ponta de meus dedos

ou tuas mãos contornando meu rosto 

eu escolhi isso e eu procedo

a ficar contigo até seu corpo ser decomposto

eu secaria cada pedaço de ti expelido pelo olhar

e iria lhe recompor no segundo seguinte

eu te acompanharia em cada saída pra fumar 

me esforço a ti com grande requinte

quem sabe um dia, então?