eu sei muito bem quando o outro quer sair
as pernas inquietas tremem meu mundo
preciso de nicotina e conhaque no corpo
minha voz se altera procurando o silencio
minha bondade diminui
eu sei muito bem quando o outro se enfurece
meus olhos procuram pela escuridão
ainda mantenho o controle sobre ele
detenho as chaves que fecham os portões
libero há tempos e só quando necessário
seu sarcasmo em doses de homeopatia
sua antipatia e sua cara fechada
seus punhos cerrados e sua fúria polida
mantenho a espada sobre as nossas cabeças
mantenho as correntes que arrastam no chão
deixo os meus fantasmas convivendo ao seu lado
instruo meus demônios a alimentarem ele com o que eu engulo
toda a sua fome de ódio estampado
em dias em que ele foi o meu eu em minha pele
ainda ouço a sua voz gritando pela fuga
dia e noite
noite e dia
eu sei muito bem quando o outro quer sair
meu sono se perde e se rende a insônia
se hoje encontrei quem com amor me acalma
mantenho em meus bolsos a senha e o estopim
sinto em meus ossos o frio da sua alma
se ao usar a minha carne ele só soube mostrar a dor
não consigo viver com ele à solta
sempre serei o hospedeiro ...
(Flavio Eduardo Palhari)
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Autor:
Flavio Eduardo Palhari (
Offline)
- Publicado: 25 de fevereiro de 2025 08:01
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
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