Marcelina e o Dragão (A gruta que chora)

Mauricio Poeta

 

E Marcelina graciosa 
De beleza singular,
De uns tempos para cá 
Deu ela de definhar,
Trancada ali no quarto 
Sem comer ou se cuidar.


Eis que num certo dia 
No quarto entrou Sinhá,
E ouviu a filha dizer:
“Não quero… Não, não vá”.
Disse ela: “Filha minha,
Me conta o que é que há”.


E Marcelina contou 
Fazendo gesto na mão:
“Lá na Toca da Sununga 
Mora terrível dragão,
Que vira moço bonito 
De conquistar coração”.


Disse ela que o dragão 
Lá no seu quarto surgiu,
E feito moço bonito 
Aproximou- se e sorriu,
E atordoada de amor
O encanto não resistiu.


Um dia Anália Sinhá 
Certo monge ela viu,
O velhinho piedoso 
Paciente lhe ouviu,
E a Toca da Sununga 
De água benta aspergiu.


O monge em oração 
A bela Toca benzeu,
E o dragão que ali morava 
Assim desapareceu;
Só Marcelina ficou 
A espera do amor seu.


Lá na praia da Sununga 
O mistério inda mora;
O pinga pinga da água 
Nas pedras desde a aurora,
É sinal que  Marcelina 
De tristeza Inda chora…

 

*Projeto Cordelendas*
Praia da Sununga fica em Ubatuba, Litoral Paulista Norte.

  • Autor: Mauricio Poeta (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de fevereiro de 2025 14:22
  • Comentário do autor sobre o poema: A lenda da Gruta que Chora adaptada para sextilha de cordel no projeto Cordelendas por Mauricio Poeta.
  • Categoria: Natureza
  • Visualizações: 14
  • Usuários favoritos deste poema: Poesia, Eu Sou iamai
Comentários +

Comentários3

  • jroberto.bsb

    Há muito não lia algo tão belo. Algo tão singelo. História bem contada, em forma de poesia.

  • Poesia, Eu Sou iamai

    Incrível e magistral poema

  • Isabella Vitória

    De um encanto único! Amei.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.