Este poeta não fala mais de amor

Victor_Poeta

Este poeta não fala mais de amor.
O que resta é o gosto amargo da dor,
o peso de lembranças que se arrastam pelos cantos da memória.
Escrevo porque é tudo o que me sobra,
porque cada palavra é um grito silencioso,
um vestígio do que fui antes de aprender a odiar.

Obrigado, meu pai, por me ensinar que o afeto pode ferir.
Que o lar pode ser um campo de batalha,
e que crescer significa carregar feridas que nunca fecham.
Com os traumas que você me deu,
aprendi a transformar dor em palavras,
mágoa em tinta, cicatrizes em histórias.

Me perdoe, mãe, por ser um escritor cheio de sombras.
Por não conseguir falar de esperança,
por não saber escrever finais felizes.
O que sai de mim não são flores, são espinhos,
espinhos que me lembram a coroa ensanguentada
que fez Jesus chorar.

Nas batalhas de palavras, sou apenas um sobrevivente.
Minha única arma é a escrita, minha proteção é a dor.
Não busco glória, não espero redenção.
Escrevo para não ser consumido pelo que carrego dentro de mim.

  • Autor: Victor_Poeta (Offline Offline)
  • Publicado: 21 de fevereiro de 2025 19:50
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5


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