Na calada da noite, quando os ecos do mundo se apagam,
e a solidão dança com os pensamentos mais sombrios,
algo profundo e quieto toca minha alma.
Não é carne que me abraça,
não é tempo que me define.
É uma força intangível, uma mão invisível,
que me envolve com a delicadeza do vento,
protegendo-me nas margens da fragilidade humana.
Caminho por ruas desertas,
olhando para as sombras que se alongam,
como se o próprio silêncio pudesse engolir minhas dúvidas.
Mas há algo maior em mim,
algo que não se perde,
algo que não se dissolve nas areias do tempo.
E, mesmo quando me sinto esquecido,
essa presença me chama,
sussurra nas brechas da minha tristeza.
Lembro dos momentos em que amei e fui amado,
onde as palavras se misturavam com o suor da confiança.
E, no entanto, quando as palavras se calaram,
quando os corpos se distanciaram,
a essência permaneceu.
Era o amor que se refazia,
não em gestos, mas em um toque que transcende o físico,
em algo mais profundo do que o que os olhos podem tocar.
É como a luz que se insinua nas frestas da noite,
ou como o aroma que ainda persiste
após a flor ter murchado.
É amor sem máscaras,
que não exige nada,
que compreende tudo.
E, nas minhas fraquezas,
ele me fortalece,
ergue-me quando a terra se faz dura.
Mesmo quando o mundo à minha volta parece desvanecer,
quando as cores perdem seu brilho,
essa força, como um farol distante,
não me abandona.
Ela sussurra: "você não está só."
E, nesse murmúrio, sinto-me invencível,
pois o amor não depende da carne,
não se esvai com o vento.
Ele é o que sempre permanece.
E, na solidão, é ele quem me segura.
Ao final, percebo que a verdadeira liberdade
não vem da ausência de dor,
mas da certeza de que, mesmo no abismo,
alguém — ou algo — está ali,
presente na invisibilidade do ser,
me guiando através da noite.
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Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 20 de fevereiro de 2025 18:00
- Comentário do autor sobre o poema: Sabe quando a solidão aparece como um campo deserto e a gente sente que cada passo é uma oração silenciosa? Foi mais ou menos isso que me aconteceu ao criar esse poema. Eu estava me deixando envolver por uma sensação de vazio, mas, ao mesmo tempo, uma sensação tão tranquila e serena que mal podia chamar de tristeza. É como se no silêncio da solidão, algo maior estivesse me dando um abraço invisível, sabe? Não era físico, mas era ali, em cada suspiro, em cada canto silencioso do meu ser. E, por mais estranha que pareça, essa solidão era um lugar de conforto. Eu quis compartilhar isso com vocês nesse poema, e ficaria muito feliz em saber o que acharam. Não deixem de comentar! :)
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