Depressão X Miriam Mano

Já ouvi falar de ti...

Pelos arredores diz-se que és sorrateira e fria, sádica e sem nenhuma empatia.

Mentora da própria cria, a infame melancolia.

Silenciosa mas com uma presença que a paz de qualquer um pertubaria.

Tentei consultar uma terapia, para ver se te evitaria, seriam as minhas últimas fichas que nela eu apostaria, acreditei que ela me ensinaria, que me acolheria.

Tão bem me enganaria.

Até essa maldita me judia.

A prova de que licenciados não são uma garantia.

195€ para o lixo eu jogaria

Suponho que deve ter dormitado durante as aulas de psicologia.

1 hora na primeira sessão eu pagaria, no primeiro contato frieza na sua expressão era tudo o que eu sentia, o meu suado dinheiro não compensaria, apenas 45 minutos ela me atenderia, 15 minutos sobraria, com eles palavras gentis me dar ela bem podia, aproveitar o tempo não era certamente coisa que fazer ela sabia, tanta pressa com o tempo que não lhe pertencia, com falta de sexo talvez ela estaria.

Nada de útil para a minha situação me dizia, não quis saber como eu me sentia, foi um descuido eu não ter batido à porta daquela vez, era isso que a ressentia, ofendida ela se mostraria mas no fim do atendimento eu me desculparia, eu nem deveria. Mas mesmo assim ela não me pouparia e nem mesmo para o final guardaria, em meio à sessão seria isso que à cara ela me atiraria, uma vez apenas perguntei se o significado de “narcisista” sabia porque sempre descrevia as minhas dores e a quase todo momento repetia mas ela nunca as entendia, o seu Q.I obviamente não permitia.

Na segunda sessão 5€ a mais ela me cobraria

De novo eu não a questionaria.

Não me arriscaria.

Que ironia

As dores dela pareciam mais importantes que as minhas naquele dia.

Hipnoterapia, afinal era eu ou ela quem precisaria?

Que paciente do próprio médico uma injeção letal tomaria?

Aquela não passava de uma desprovida, pobre constrangida, tão facilmente ficava ofendida, palavras na minha boca colocaria, coisas que eu nunca diria, aquele dedo enlameado ela me apontaria enquanto assunções sobre a minha pessoa cuspia, me desviar? eu nem precisaria, porque ela nunca acertaria.

Imagina se tivesse, nem a escrever este poema eu estaria.

Entre vocês, sinceramente? não sei dizer qual das duas possui mais antipatia.

Quem diria, mas quem acreditaria?

Se naquela secção somente a minha crítica a dos outros contraria.

Porque tão friamente me julgarias se comigo nunca convivias? porquê essa falta de simpatia? 

Porque tão pouco a mim te dedicarias? 

E porque esta diferença de tratamento tu farias?

Que razão terias?

Porque por tão pouco te doías?

E porquê nunca sorrias?

Eu não imaginaria, que até a ti a minha luz incomodaria.

Brilhar menos do que aquilo eu não conseguia.

Qual foi a parte da tua escuridão que a minha luz revelaria?

Será que algum dia a estas perguntas tu me responderias?

Minha melhor inimiga, acredita que te inimizar era o que menos desejaria.

para a tua morte torceria?

Que patifaria.

No inferno, como o arauto te alcançaria? com a notícia da minha ascensão rumo à vitória que ao saber, a mesma com o próprio veneno se engasgaria.

Não duvidaria, apenas da tua sabedoria.

Mais de 10 anos transformando vidas? imagina quantas arruinarias.

Enquanto altos patamares eu subiria, do teu tu nunca sairias.

De mim eu sei que tu não te esquecerias, ao teres os meus demónios negligenciado na tua carreira tão mal falharias, a tua própria cova cavarias, qualquer desgraça, era de mim que te lembrarias.

Quando este poema fosse lido, como reagirias?

Como tu, bem pouco me importaria.

Provavelmente me processarias.

A mim? de certeza que nada me aconteceria.

O teu braço direito, o Ego, tão facilmente o destruiria.

Eu sei que todas as acusações negarias.

Ou para contrariar o verso, todas elas amenizarias.

Como instável e arrogante me rotularias.

O teu diploma empoeirado ostentarias.

Então era para isso que na faculdade ingressarias.

Porque te ofenderias? se compaixão nenhuma possuías e competência em ti muito menos se via.

Judas teria sido um dos únicos homens para quem te despias, carnalmente te entregarias, a tua família por 30 moedas de prata para uma vida ao seu lado trocarias. 

Foi por Clyde na reencarnação passada que louca de paixão ficarias, com ele morrerias mas não renascerias, o destino desta vez não vos cruzaria, a arte da poesia já não dominarias, seria eu que a possuía, é por estas e X razões pela qual a raiva de gerações em mim despejarias.

Lúcifer de ti se orgulharia, na tua chegada, ele te abraçaria, te condecoraria, jamais lhe passou pela cabeça que alguém em maldade o superaria, a coroa e o manto de serpentes ele te colocaria, serias tu naquele momento que o inferno governaria.

Miriam Iscariotes ou Miriam Barrow? qual destes sobrenomes herdarias?

Como tu te intitulares de terapista, tão lastimável isso soaria.

Mas vocês possuírem algum grau de parentesco, não era de facto um pensamento que descartaria.

Este poema o teu coração não alcançaria, porque isso em ti não existia.

Eu era o paciente mas era eu que te lia.

Fui ao arsenal buscar a minha melhor arma, o sucesso, pois só assim de ti eu me vingaria.

Só me restas tu para vir fazer companhia

Não pensei que te convidaria.

A casa está desprotegida, entra, fica à vontade, preenche a vastidão desta casa vazia

Só não abuses da estadia.

Quando me cansar da tua presença, te tentar mandar embora é o que faria, já sei que recusarias, uma desculpa para permanecer sempre terias.

A bebida apenas a casa inundaria, mas te afogar nela era o que eu mais queria.

Os antidepressivos deveria ser o que de ti me afastaria, mas neles tão-só eu me viciaria, talvez de ti eu me esqueceria, isso me emanciparia mas nunca aconteceria, porque só os conheci de vista, mas na casa nunca os permitiria.

Uma bala decerto que de ti me libertaria, eu sei que me encorajarias, porque apenas tu sobreviverias.

ah!

Te deixar sozinha, atitude rude seria a minha…

"A única terapeuta que se mostrou mais delicada que o seu paciente e menos resistente que as suas próprias unhas."

- luminoso, o vitorioso.