Augusto dos anjos não pôde dizer (Flavio Eduardo Palhari)
nascemos já sabendo que a morte nos espera
a quantas eras sempre foi assim toda essa miséria
se a terra nos acolhe e nos empresta esse ar
sonhar é permitido o tanto quanto pudermos realizar
somos o nosso próprio preconceito e defeitos
ao nosso tempo e ao nosso jeito de criar o que é perfeito
tão belo e imperfeito é dizer que nunca vamos nos deliciar
com cada praga e desgraça alheia ao nosso redor tentado nos moldar
em nossas fezes todo o nosso luxo que a cada descarga leva
se queremos a luz adoras as trevas e todo pecado que ela conserva
se somos feras que deixa a carne e se alimenta apenas de almas
o ódio acalma o golpe da faca e o tapa na cara de quem guarda os traumas
todo esses escarnio humano tem esse sangue mundano de recém nascido
esconde um amor doentio de viver pelo frio e por tudo o que é proibido
todo esse lixo vulgar que nos faz procriar semeando toda essa discórdia
nos traz a colheita e o milagre que mergulha em vinagre cada palavra mórbida ...
moedas nos olhos não pagam o barqueiro nem compram um pedaço do céu
nesse inferno que queima os ossos a nossa pele é apenas um trapo em forma de véu
o poeta não pôde dizer nada mais quando a vida se foi
depois do nada tudo é só esquecimento e palavras
solidão da noite que o dia espera todo cheio de graça
essa farsa de ser leve é o que vamos deixar aos vermes
são pura ilusão
se ao nascermos sentimos a dor de respirar ao morrermos entregamos o nosso ar
nos encontramos com a terra e a escuridão
muitos tem tudo isso como a sua maior tentação enquanto outros só se disfarçam
se fartam com a ganância e a loucura de toda a satisfação ...
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Autor:
Flavio Eduardo Palhari (
Offline)
- Publicado: 31 de janeiro de 2025 07:56
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 7
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