Nascemos sem algumas partes da alma, as quais vamos juntando ao longo da vida.
Alguns pedaços ainda perderemos ou serão furtados por quem passa por nós.
Somos condicionados conforme nosso meio e temos os mesmos objetivos e anseios.
Nascemos pela manhã e morremos diariamente ao adormecer.
Mesmo acordados, perdemos em milésimos de segundos, a construção da nossa essência.
Somos caranguejos dentro da panela, sem perceber que a água está aquecendo.
Perdemos a virgindade, a inocência e, em alguns momentos, a vontade de viver.
Acreditamos estar amando e percebemos que era apenas entusiasmo.
Recobramos nossa energia, cada um a seu tempo.
Seguimos o caminho que julgamos ser o correto.
Deixamos que nos quebrem o coração, mas não conseguimos reconstruí-lo sem deixar algumas partes trincadas.
Nossos dentes nos abandonam, e os mais velhos que amamos embarcam em suas longas viagens.
Nos apegamos aos eletrônicos e às posses,
Tentando suprir algo que não sabemos o que é.
Podemos ser marionetes e acreditamos que podemos controlar o destino.
Ao final de tudo, nem nossa hora e dia de embarque temos como decidir.
Ganhamos pouco, mas o que ganhamos nos acompanhará até o nosso fim, se forem dores.
Nossos erros nem sempre poderão ser corrigidos.
Em alguns casos, podemos nos dar a aceitação de quem fomos.
Em raros casos, nos perdoamos por não sermos quem poderíamos ser.
Possuímos uma ignorância estupenda; é o que temos de maior cultivo.
Rimos com força, mas sem sinceridade.
Mentimos sem remorso.
Dizemos que não temos o que esbanjamos,
Quando, na verdade, o que temos é o que mais nos falta.
Serei amanhã como sou hoje...
Mas prometo sem acreditar, que irei melhorar.
Arthur de Mello
- Autor: Arthur Mello ( Offline)
- Publicado: 29 de janeiro de 2025 18:59
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
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