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Fiquei sentada por tanto tempo
que meu corpo tomou o formato da poltrona.
Vi todas as estações passarem
e a última folha da última árvore cair.
Observei pessoas apressadas,
crianças brincando,
vizinhos gritando.
Sirenes e gritos de socorro ecoavam,
mas, por alguma razão,
eu nunca saía da poltrona.
Meu cabelo, um emaranhado.
Ao lado, inúmeras xícaras vazias de café,
uma montanha de livros espalhados,
anotações cobrindo o chão.
Nenhuma delas me levou a lugar algum.
Meu corpo imóvel, sem expressão.
Horas viraram dias,
dias se fizeram meses,
e os meses, anos.
A poeira engoliu o lugar,
transformando-me em um inquilino indesejado.
Eu tinha todas as razões para partir,
mas os gritos de socorro,
as pessoas apressadas,
e a falta de ar
me mantinham ali.
- Autor: Lira (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 17 de janeiro de 2025 15:25
- Comentário do autor sobre o poema: Não se pode fugir de si mesmo, apenas se tornar o próprio refúgio.
- Categoria: Triste
- Visualizações: 6
- Usuários favoritos deste poema: Flavio Eduardo Palhari
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