#2 - Fragmentos de uma Noite de Amor.

A primeira luz do amanhecer atravessava as cortinas como dedos de ouro, tocando a nossa pele ainda aquecida pela noite. A cama era um refúgio onde o tempo parecia suspenso, e nossos corpos, entrelaçados, contavam histórias que palavras jamais poderiam traduzir. Cada instante era uma extensão do desejo que ainda pulsava em minhas veias, um eco do amor que transcendeu a escuridão.

Eu fui o primeiro a despertar. O calor do teu corpo contra o meu era um lembrete vivo do que compartilhamos, do que construímos entre sussurros e carícias. Meu coração acelerava ao recordar o toque das tuas mãos explorando cada parte de mim, o som da tua voz rouca chamando meu nome, a intensidade que nos uniu como se o mundo inteiro existisse apenas para nos assistir.

Abri os olhos devagar, a luz me acolhendo, mas o que me fazia respirar era te olhar. Tu ainda dormias, o rosto sereno, quase inocente, mas cada traço carregava a lembrança de um desejo que parecia inesgotável. Havia algo de hipnotizante no contraste entre a ferocidade da tua paixão e a paz que agora reinava no teu semblante.

Não havia dúvidas, não havia hesitação. O amor que senti por ti não era algo passageiro, não era apenas o calor de uma noite. Era uma chama viva, que ardia com uma intensidade que não conhecia limites. Era mais do que atração; era um chamado da minha alma à tua, uma certeza de que nossos corações estavam entrelaçados além do físico, além do tangível.

Quando teus olhos finalmente se abriram, encontraram os meus como se soubessem exatamente onde procurar. Não precisávamos dizer nada; a profundidade do que sentíamos estava ali, explícita em cada olhar, em cada gesto. Tu sorrias, e eu sentia meu mundo inteiro se reconstruir naquele instante.

“Bom dia,” disseste, tua voz carregada de uma suavidade que contrastava deliciosamente com a força do que compartilhamos.

“Bom dia,” respondi, incapaz de esconder o sorriso que insistia em surgir, como se meu coração falasse mais alto que minhas palavras.

Por alguns momentos, o silêncio tomou conta. Mas não era um vazio. Era um espaço preenchido pela intensidade do que éramos, pela certeza de que o que vivemos não era apenas uma noite, mas um capítulo de algo maior.

Teus dedos deslizaram pelo meu rosto, e o toque era tanto um convite quanto uma declaração. Eu te puxei para mais perto, incapaz de resistir à força magnética que nos unia. Teu corpo junto ao meu era uma lembrança e uma promessa, um laço que nada parecia capaz de desfazer.

“Fica comigo,” sussurrei, as palavras escapando de mim como uma verdade incontrolável.

“Eu já sou tua,” respondeste, e a convicção na tua voz fez meu coração quase parar.

E ali, antes que a luz do dia nos chamasse para o mundo lá fora, nos perdemos novamente um no outro. A cama, o quarto, o universo ao nosso redor desapareceram. Só restávamos nós, um amor tão intenso que era impossível conter, um desejo que não conhecia limites.

Quando finalmente nos levantamos, carregávamos mais do que a memória da noite: trazíamos no peito a certeza de que pertencíamos um ao outro, de que o que vivemos era mais do que paixão, era amor em sua forma mais pura e avassaladora.

E enquanto o sol banhava nossos corpos e nossas almas, sabíamos que cada dia seria mais um verso dessa poesia que só nós poderíamos escrever.

15 jan 2025 (11:43)