Escravocratas desde 1500

Anna Gonçalves

Desde o grito do achamento

[terra fértil a vista]

a terra foi tomada e dividida,

nossos índios, tranquilos com sua forma de vida

já dizia que a terra sempre nos favorecia.

Os tupinambás, com olhos atentos,

admiram os franceses, os estrangeiros,

que atravessam mares longos,

buscando o que já existe na terra.

Mas os estrangeiros, com sua ganância em bens materiais 

e trabalho excessivo, nos moldou

sem nenhum pudor.

Acorda cedo, antes mesmo do sol aparecer,

Toma o seu café quase frio, os olhos em neblina,

enfrenta a rotina que o engole seco,

sem poder questionar, sem trégua, sem mina.

O relógio é tirano, a jornada bem longa,

o salário é pouco e o desgaste é imenso,

mas a fome não espera, o sistema não perdoa,

vivemos para sobreviver e comer,

vivemos para dar luxo aos superiores, presos em nosso silêncio.

Notícias bombardeiam, cedo e tarde,

a guerra é presencial e digital, 

sem pausa, sem respiro, sem descanso, sem desvaneio,

e enquanto o dedo rola pela tela é milhões faturado,

o mundo se perde cada vez mais, 

mas ninguém está disposto a girar o giro da roleta.

A tecnologia avança, mas o tempo é escasso,

a entrega chega rápido, mas o corpo não resiste,

o trabalho, que deveria ser leve,

é uma prisão onde a alma persiste.

Na manhã fatídica, todos já tem seu caminho,

sem ânimo, sem sonho, sem luz, sem esperança, sem fim,

[meritocracia!? Só no vocabulário do rico que vem herdando de berço em berço ]

e o chefe de cima, em sua torre distante de marfim

ordena o passo do operário, sempre a frente de mim.

Pobre não tem meritocracia!

Consequência de 1500,

exploração em cima da exploração, 

materialismo de origem europeia,

onde países que se nomeiam de primeiro mundo.

Mas, o trabalhador, é mais que um número,

é sangue, suor e alma em luta,

sem ele, sem sua força, persistência, e sua vontade de viver

sua necessidade em comer.

Não haveria riqueza, nem estrutura, nem essa disputa.

Sem a exploração, nada existiria,

o luxo das torres altas, o brilho das ruas,

pois é o corpo que arrasta o peso da história,

e o sangue do trabalhador que sustenta as muralhas.

Sem nós, sem nossa mão de obra, nada existiria.

E no fim, quem está certo?

O trabalho sem fim ou a calma da nossa terra?

  • Autor: Anna Gonçalves (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de janeiro de 2025 18:02
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 4


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.