Fios do universo

Você me diz que se sente aninhado numa teia de aranha,

emaranhado nos seus próprios desejos,

sonhos, carreira, vontades.

"se eu não me orgulhar da minha vida?"

"E se eu não tiver amigos?"

"E a paixão?"

"E se eu não tiver tempo?"

"E se..."

...

Você tenta manter a calma,

mas não é fácil.

O tempo passa, você sente escorrer pelas suas mãos como areia.

Cada grão perdido dói na alma.

Você olha para o céu numa falha tentativa de respirar,

mas o céu zomba da sua angústia.

Você olha para si numa infame esperança de se orgulhar,

mas não se orgulha.

Suas mãos não alcançam mais as estrelas.

Seus olhos não enxergam mais as cores.

Você lembra de quando criança,

que cheirava tão bem o perfume das flores,

mas agora não mais.

Você tem medo do que não pode fazer,

mas tem mais medo ainda de ter medo,

e ainda mais de contar tal segredo

e de quem você mais ama lhe apontar.

De dentro pra fora isso te corrompe,

de fora pra dentro isso te consome.

Não tem saída,

só lhe resta aceitar.