Minha Árvore Genea(sem)lógica.

Minha árvore genealógica,
cabelos de raízes antigas,
com galhos que já não se estendem,
onde as folhas caem em silêncio.

Olho para as linhas do tempo,
os nomes que soam distantes,
meu coração aperta,
porque as raízes que me formaram
se foram, como as últimas folhas do outono.

Lá, na base, onde tudo começou,
a terra guarda seus segredos,
mas não tenho mais os rostos
que me deram o primeiro sorriso,
aquelas mãos que me ensinaram
a caminhar, a falar, a sonhar.

Agora, meus pés tropeçam
no vazio do eco da ausência.
Não há mais abraço,
não há mais palavra,
só o peso da saudade,
pesando no tronco que um dia
se fez forte, mas hoje, curvado pela dor.

A árvore cresce, mas não como antes,
pois sem o alicerce,
as raízes ficam cegas,
tentando sentir onde estavam
os seus fundadores.

Meus pais se foram
como pássaros que voam para longe,
mas sua voz ainda ressoa,
tímida, nas sombras da memória.
O vento me fala de tempos perdidos,
de momentos que jamais retornarão.

E mesmo assim,
minha árvore genealógica continua,
mas com galhos mais finos,
mais frágeis.
Carrego o legado deles,
mas a tristeza é um peso
que as raízes não conseguem mais suportar.

29 dez 2024 (20:17)