A luz do túnel

luminoso, o vitorioso

Eu vejo uma luz no fim do túnel...

Mas que luz branca será aquela ? 

Deve ser apenas um clarão…

Cacos de vidro estão espalhados ao longo do chão…

É visivelmente um caminho que poucos percorrerão…

Devo ir em vão?

Tenho outra opção?

 

Fazem 7 meses que caminho descalço...os meus humildes sapatos já havia doado a um aldeão...maldito seja, mais tarde se revelou um belo de um charlatão...

Sem energias eu me encontro para poder seguir em vão...

Nem me lembro da última vez que desfrutei de uma digna refeição...

Mas caminharei adiante...

Reunindo a força da vontade com a força da determinação...

 

Uma vez fui apedrejado pelo povo da aldeola mesmo tendo a pedra da razão…

Se realmente formos todos filhos de um deus…

Acreditem..que isso não é coisa que se poderia ter feito com o vosso querido irmão...

Vazias e duras pedras atingiam meu rosto que ficou sem expressão…

E meu peito que uma vez fora cheio e macio na vanguarda se tornou o interior de um violão…

Impiedosas pedras da caluniação…

Sádicos…

Bem me poderiam ter poupado da pedranceira da ridicularização…

Ai…como doeu..aquela certeira pedra da humilhação…

Antes sejais a livração do que a maldição…

Foi por um chisco que eu não conheci aquela tal de depressão…

Pelas cercanias reza a lenda que uma vez conhecidos, perpetuamente condenado em um ciclo infinito de perseguição…

vida minha!

A minha pedra mantive firme no meu palmo, não pude arremessar…

pois assim eu a perderia…

 

Pai dos outros...

Porque ainda não me estendestes a mão?

Não chegou fazer aquela oração?

Ou ter praticado a gratidão?

Ou mesmo eu te ter entregue todas as minhas formas e origens de importunação?

Já não me resta sequer uma lágrima no sagrado frasco da unção... 

 

Algo que venho cismando até então...

Durante a última ceia, os teres servido no prato um pão acompanhado a lentilhas e feijão com uma taça de vinho, e eles tiveram como desejo aquele simples pedaço de pão...

E eu recebi migalhas na minha mesa ao ter que ter implorado por um velho pedaço de parmesão…

Foi justo ou não?

Lembras-te da nossa comunhão?

E daquela bênção?

A mesma que um dia fizeste cair sobre João, Moisés, José e Gideão?

Se até Jesus pôde ser ajudado a carregar a cruz da crucificação...

Minhas derramadas lágrimas quem coleta? para no meu leito eu me deixar afundar no mar da consolação…

 

Me perdoe pelo baixo calão…

Mas os meus apedrejadores já não deveriam ter sofrido com a divina pedra da punição?!

Não era a tua função?!

A mesma pedra que fora demasiado grande e pesada para sustentar na palma da minha mão…

E no meu pior dilúvio, onde estavas? o único abraço que senti foi o da solidão…

Se realmente existes…acredita…

Que não serei eu que se terá de colocar nos joelhos para ouvir esse tal de sermão…

Como poderei eu lhe chamar de pai meu..se é de órfão o meu coração…

De onde vem aquela luz branca?

Ela está a cintilar com muito mais intensificação…

Que ofuscação… 

Não vejo nada…

 

 

Eu ouço algo em aproximação…

 

É...

É um comboio a vir na minha direção?!

Dará tempo de me desviar ou não?!

Meus ricos pés agora inutilizáveis por conta da dilaceração...

E meus pobres olhos cegados por culpa da intensa iluminação...

Pai...

Ainda terei salvação?

Receio que não...

Após o embate, apenas meus restos mortais sobrarão... 

Peço que sejam encontrados e reunidos antes do início da decomposição, e que os mesmos possam ser encaminhados para a cremação…

Espero que ainda haja espaço para mais uma…naquela constelação…

Meus olhos agora se fecharão…e os meus braços se abrirão...

Farei a última pregação...

Enquanto aguardo a trágica colisão…

 

 

O comboio das minhas emoções.     

Em uma noite tempestuosa, no apeadeiro de uma estação...

luminoso, o vitorioso: Há 7 horas que estou sentado no banco da estação...com o relógio e o jornal em mãos...

o comboio nunca chegou...

Homem misterioso: caminha.

luminoso, o vitorioso: já é tarde amigão.

luminoso, o vitorioso: as minhas roupas se encharcarão.

Homem misterioso: para a tua situação...ele não será a solução.

luminoso, o vitorioso: ele vem ali.

o comboio não parou…

Homem misterioso: cada vagão...

levou dentro uma representação…

a preocupação…

a aflição…

a desesperação...

a agitação...

a esta hora da noite é comum tamanha lotação...

ter embarcado nele…

só teria uma única destinação…

luminoso, o vitorioso: qual?

Homem misterioso: para a perdição.

luminoso, o vitorioso: mas ele era a minha única direção...

Homem misterioso: não.

ele era apenas a consumição.

é a esta altura da tempestade que o raio vem fazer a sua intervenção.

mas de antemão…

vem primeiro a sinalização.

é só dentro de uma que terás o teu tempo a sós com a reflexão.

e que ganharás uma parceira de vida chamada lição.

gritar.

chorar.

lamentar.

não vai fazê-la parar.

não tem como fazê-la parar.

uma vez dentro, só resta caminhar.

até ela acabar.

sê paciente.

a tua hora irá chegar.

 

Se queres viver o sonho...primeiro espera acordar do pesadelo.

 

luminoso, o vitorioso: …

 

Meus olhos ardem...

Recuperei a minha visão!?

Estou acostado...

Meus pés...

Meus hematomas...

Estão regenerados...

Mas...e o comboio?!

Só me lembro de sentir um forte empurrão...

Tenho de me reerguer e prosseguir com a missão…

Sem olhar para trás desta vez, prometo não voltar atrás com esta promissão.

Quase…

Só mais uns passos…

...

...

 

é o momento da revelação…

a luz do túnel se revelou ser...

O Portal Para a Ascensão!?

luminoso, o vitorioso :eras tu...foste sempre tu.

bem jogado...pai de Adão.

...

“ele desviou, guiou e finalmente interviu.”

luminoso, o vitorioso.

  • Autor: luminoso, o vitorioso (Offline Offline)
  • Publicado: 28 de dezembro de 2024 18:16
  • Comentário do autor sobre o poema: luminoso, o vitorioso
  • Categoria: Não classificado
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