Por tanto tempo julguei, com fé e temor,
Que Deus me lançou neste trilho tramado,
Por um propósito maior, um destino de amor,
Um desvio sofrido, nas estrelas marcado.
Definhei devagar, na sombra me refiz,
Nas cinzas do que restou de quem era,
Perdi os amigos, a mim por um triz.
Reconstruí-me do pó, da dor persistente,
Refiz carne e espírito, pedaço a pedaço,
O começo foi duro, mas o meio, inclemente,
Cada pedra cortava, cada chama era um laço.
Fiz amigos que o tempo levou com o vento,
Amei sem retorno, num eco vazio,
Aprendi que não sou mais que um momento,
Num mundo imenso, de dor e desvio.
Tinha-o a ele, e a Ele também,
Dois rostos distintos, um só fervor,
Um amor terreno, um divino, porém,
O primeiro distante, o segundo tão curador.
Por três anos amei, como quem ama na luz,
Como o Sol à Lua, na sua dança infinita,
Troquei a minha alegria pelo seu calor,
Fui chama por ele, a sua favorita.
Sofri como quem vive a própria ruína,
Fui sombra de mim, cadela fiel,
Rastejei por amor, dor tão assassina,
Enquanto ele pintava o meu sonho sem pincel.
Hoje já não o amo, mas ainda dói,
Não por desejo ou ciúme sentido,
Mas pela mágoa que em mim se constrói,
Do que fiz ao meu ser, tão perdido.
Deus, no Seu plano, deu-me o sofrer,
Para que cortasse os pés nas pedras da estrada,
Aprendi o que é amar, a entrega, o perder,
Mas aguardo quem me ensine sinónimo de amada.
- Autor: Lena (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 27 de dezembro de 2024 16:23
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 7
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