Natal que não é meu  

Metamorfose

 

Não há brilho na luz das guirlandas,  

nem calor nos abraços que vejo.  

O mundo celebra com riso e canções,  

mas em mim ecoa o silêncio do ensejo.  

 

Árvores vestidas de ouro e esperança,  

em minhas memórias, folhas de dor.  

Presentes embrulhados em laços tão finos,  

mas nunca embrulharam o amor.  

 

A mesa farta, a alegria encenada,  

não cabem na história que trago comigo.  

Pois entre mentiras, gritos e feridas,  

o Natal foi um palco sem abrigo.  

 

Como fingir que há encanto no vento,  

se cada sopro traz o passado?  

A promessa de paz, tão distante, tão fria,  

um sonho por tantos sonhado.  

 

E assim caminho entre luzes e sombras,  

guardando no peito o que é só meu.  

Um Natal sem mentiras, nem farsas,  

um espaço vazio que nunca morreu.  

 

Se o lar é mentira, não busco castelos,  

se a calma é invenção, não finjo sorrir.  

Pois há mais verdade em minha solidão  

do que em festas que não podem existir.  

 

Que o tempo me ensine, ou que eu me ensine,  

a aceitar o que nunca chegou.  

Um Natal sincero, não de contos e lendas,  

mas de um coração que jamais se dobrou.

  • Autor: Metamorfose (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de dezembro de 2024 20:58
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 4


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