O Porto que Sou

Hoje, ao me arrumar para sair,

olhei-me no espelho e pensei:

será que a eu do passado

sorriria ao me ver agora?

Será que se orgulharia

da força que encontrei nas quedas,

das escolhas que fiz no silêncio,

das vezes que recomecei,

mesmo sem saber o caminho?

Olhei de novo.

E, entre reflexos, enxerguei:

um brilho único,

não de perfeição,

mas de aceitação.

Sentir-se bem.

Calma.

Tranquila.

Quantas vezes sonhei com este momento,

em que o caos deixaria de ser lar

e a paz viria me abraçar?

Pronta para encontrar meu porto,

aquele que esperei,

que busquei com mãos trêmulas,

em mares revoltos.

Hoje, o vejo diante de mim.

Não é apenas um lugar,

é uma certeza silenciosa,

uma voz suave que sussurra:

"Você chegou."

E ao me olhar de novo,

não sou mais só reflexo.

Sou o passado que acreditou,

o presente que se reencontrou

e o futuro que sorri.