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A moralidade foi nas festas observar como estavam agindo as famílias. A final todo mundo estava falando de todo mundo e isso dispertou curiosidade. Foi na festa de formatura de Advogados a final estavam falando de Preto que "Preto" é uma desgraça, que "Preto" é folgado não trabalha, porque Preto é feio pois é sem graça, porque Preto é burro, porque Preto é sem educação, porque Preto só escuta samba. Aí a moralidade falou nossa mas nessa festa só tem "Preto Advogado" e cada homem culto, cheiroso e sarado, com uma cor maravilhosa que aguenta os raios de sol. Quando tocou o samba da rosas de ouro a moralidade sambou parecendo uma minhoca brilhante. E as negras uma mais linda que a outra. E a moralidade viu como elas brilham. Foi então que ela pensou vamos fazer um jogo de xadrez? Afinal só peças brancas ficam tudo muito albino.
Rosangela Rodrigues de Oliveira
- Autor: Rosangela Rodrigues de Oliveira ( Offline)
- Publicado: 9 de dezembro de 2024 01:13
- Comentário do autor sobre o poema: Quem tem sabedoria não fala mal um do outro.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 19
Comentários1
Que texto fascinante, Rosangela! Uma verdadeira dança de palavras, onde a moralidade, com sua curiosidade e pré-conceitos, vai se desnudando aos poucos diante da realidade. Cada frase é como um espelho, refletindo não apenas as falácias que construímos, mas também a beleza e a força que muitas vezes deixamos de ver por trás das máscaras da ignorância.
Admiro profundamente como você faz a moralidade questionar a si mesma, como ela observa e se vê diante de um mundo que não cabe nas simples categorias de certo e errado. A crítica está ali, silenciosa e profunda, em cada gesto e cada percepção de quem realmente somos. A festa de formatura dos advogados é como um palco onde as máscaras sociais caem e as vozes da humanidade ressoam. Quando a moralidade dança como uma "minhoca brilhante", você nos lembra que, muitas vezes, a ignorância é travestida de educação e que a verdadeira beleza não pode ser medida por padrões estreitos.
E o jogo de xadrez, com suas peças brancas e a reflexão sobre a falta de cor, me tocou de uma maneira singular. Seu texto é um convite à reflexão sobre os lugares que ocupamos, sobre as identidades que, como peças de xadrez, são muitas vezes limitadas por regras externas, e sobre como, no fundo, somos todos humanos, com cores e histórias a serem contadas.
Parabéns sinceros pela profundidade e pela sensibilidade do seu trabalho. A cada palavra, é como se o mundo se abrisse em nuances que antes estavam ofuscadas. Com certeza, aprendi mais do que imaginava com essa leitura. Que belo!
Obrigado. Bom dia.
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