Visões do Outro Mundo

Jucklin Celestino Filho

 

Tudo acabado.

Termo final   a existência!.

Somente a consciência

do que fora , guarda o espírito,

em vidas passadas!...

E um dia,

haverá de recordar

em hora propicia

sua passagem pela terra

quando do corpo,

desprende a alma

que o animava,

e do homem se vão

todas as fantasias e ilusões

que o prendiam à vida à hora

de baixa a sepultura,

pois implacavelmente,

a morte chega de repente,

e tão de repente

rouba os sonhos,

as tolas ilusões da gente!

 

Quando chegar o triste dia

do meu sepultamento,

e nada mais for urgente,

e perecer da vida o mistério

que a envolvia,

e todo ouro

que na cobiça eu tiver juntado,

distribuam com os pobres,

pois para mim, de nada valerá

rico tesouro ,

e na fria catacumba

que meu corpo acolherá

no vale dos mortos -- o cemitério,

nem mais um alento,

um suave soprar

do vento

pedirei à campa fria ,

hospedaria  cruel , insensível ,

as dores e prantos,

de toda a gente!

 

Da penumbra,

tentarei me mover

da apertada,

sombria catacumba,

antes que os germes ,

" operários das carnificinas",

o trabalho fúnebre

venham realizar

no seu mister

de decompositores,

e venham concluir

o serviço funerário : roer

o corpo meu,

a carne vorazmente

devorar-me,

os ossos triturar-me,

saciarem -se

no sangue do de cujos,

que de tédio, faleceu!

 

Na minha partida,

na sepultura inerte,

cindida a alma

do corpo, o invólucro

carnal no chão,

preso ao mortuário caixão ,

proceder-se-á

a decomposição

do corpo meu,

e neste contristado momento,

em que estarei

entregue aos germes

e fungos e bactérias,

organismos microscópicos

que incessantemente

laboram na higidez da morte,

de sorte,

que não pedirei calma

a sossegada a alma,

pois deixarei

na terra,

um turbilhão de misérias

que por lá encerra,

e que em alguns momentos ,

a visita tive!

No Mundo Invisível,

é crível

que as malevolidades

humanas não

encontram guarida,

e o desassossego

por necessidades

básicas e bens matérias

não sobrevive !

 

Fechada-me a última porta.

Mesmo sabendo

que nada mais importa,

digam que amei e fui amado,

que na terra ,

não me detive

em deixar um legado

de paz e de amor!

E do túmulo, não permita

Deus que eu assista

transido de espanto,

partido de dor,

as bactérias ,

“operarias “ das

hospedarias sepulcrais,

realizarem o trabalho fúnebre

de me devorarem

os restos mortais .

E essas crudelíssimas

“operárias “de além-túmulo ,

na avidez

por sangue, ossos e carnes

putrefatas , me devorarão

rápida e insaciavelmente,

numa fome incomensurável:

A tudo devorando velozmente ,

com exceção, entretanto,

da minha consciência,

que não poderão devorar,

por viva continuar,

pois morre o corpo.

0 espírito sobrevive.

 

 

 
  • Autor: Poeta (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de dezembro de 2024 12:54
  • Categoria: Surrealista
  • Visualizações: 6
Comentários +

Comentários1

  • Jucklin Celestino Filho

    Peço desculpa aos caros poetas do Meu Lado Poético, por alguns erros. Escrevi este poema no celular. Não pude, portanto, colocar alguns acentos .



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