Na terra, uma cova profunda
Levei a noite inteira pra cavar
Minhas mãos ardem e latejam,
Tremem enquanto seguro a pá.
No chão, uma caixa pequena.
Ela guarda um segredo...
Uma cápsula do tempo,
Não qualquer cápsula...
Meu coração.
Eu o arranquei, com minhas próprias mãos.
O buraco vazio em meu peito...
Posso preenchê-lo com algo
Que realmente importe, algo que me leve além
Um relógio, talvez?
Um digital, daqueles bem modernos
Pra me lembrar que o tempo é mais importante
Que um simples amor que me machuca.
Coloquei a caixa com cuidado no buraco,
Lá ficou, minha cápsula do tempo...
Dentro dela:
Promessas quebradas,
Planos impossíveis,
Sonhos que jamais realizarei...
Lembranças, que nunca voltarão.
Amores quebrados, descompassados, desencontrados,
Cacos de uma paixão que mal nasceu e já morreu,
Conexões emocionais que se tornaram banais...
Então, jogo um último punhado de terra
Diante da lápide que diz:
"Aqui jaz meu coração."
Que descanse em paz!
Vênus. 29, novembro, 2024.
- Autor: Venus (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 29 de novembro de 2024 23:11
- Comentário do autor sobre o poema: Uma pequena reflexão que fiz numa conversa hoje com um amigo... Eu disse que enterraria meu coração como uma cápsula do tempo e isso me fez refletir que, de fato, o meu coração é uma cápsula do tempo. Talvez, seja essa a função do coração, enterrá-lo por anos depois de amores quebrados e dolorosos. Enterrar com ele as boas lembranças, os sonhos e os planos.
- Categoria: Triste
- Visualizações: 5
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