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Te espero, te espero na estação do ônibus,
quando levanto para trabalhar, te procuro nos centros.
Rezo e torço que esse ou outro ou o próximo ano,
você apareça em uma livraria, praça ou lanchonete da Dona Maria.
Que você me esbarre e eu peça desculpas,
você me xingue, me desculpe, me queira ou apenas me note.
À mesa da ceia, sempre há uma cadeira vazia,
minha cama, um espaço oco, às vezes preenchido por um livro empoeirado.
A lista de remédios da minha mãe precisa
de alguém que me lembre que eu lembrei.
Preciso de alguém que me julgue,
por rir de Friends, por comprar livros sem terminar os outros,
Por amar Rivellino, e não ver sentido em Neymar,
E que ature minhas piadas e poemas mal feitos.
Por onde anda você, querida?
Preciso de alguém que me console,
posso fazer sopa de ervilha pra você.
Passei na floricultura ontem,
e vi um buquê de lírios lindo;
ah, quem dera que você existisse!
Talvez você exista, querida,
em um país longe, ilha ou só nos meus delírios.
Tava escutando Tim Maia,
e ele fala em um trecho:
“Toda vez que eu penso em lhe dar o meu amor,
meu coração pensa que não vai ser possível,
de lhe encontrar.”
Eu anseio por alguém que talvez não exista,
sinto falta de alguém que pode não ser real.
Alguns podem dizer que é um romântico esperançoso,
iludido, ou apenas um eu lírico, ou um esquizofrênico.
Te espero, querida, te espero…
- Autores: Lilyan Andrade
- Visível: Todos os versos
- Publicado: 21 de novembro de 2024 00:36
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- Comentário do autor sobre o poema: Rascunho/texto/poema.
- Categoria: Carta
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