Solidão Algemada

Pedro Trajano de Araujo

Lá fora, o sol se oculta
Dias nublados apagando a cor do meu ser.
À noite
A chuva se derrama sobre os telhados
E a solidão me prende, apertada.

Quanta dor em um coração ferido!
No canteiro, rosas e orquídeas
Já não florescem
Enquanto o ipê, abatido
Chora ao toque das correntes de vento.

Você ainda vive no meu pensamento.
Sem teu amor, me resta apenas o lamento
E as perguntas que ecoam no vazio
Do meu quarto que agora é frio.

Onde foi que nos perdemos?
Havia promessas
Mas, nas curvas da vida
Soltaste minha mão.

Nunca mais lhe vi...
Será que pensas em mim
Como eu, em você?
Será que outra presença
Te levou a fazer novos juramentos?

Eu não consegui seguir.
Permaneço aqui, no mesmo endereço
Sobrevivendo a este tropeço.

Queria poder dizer que mereço
Uma chance
Um novo recomeço.

Mas não tenho mais o seu número
Seu e-mail
Vou gritar sobre os corrimões das pontes.
Quem sabe minha voz
Toque nos seus tímpanos.
E, ainda que não volte
Saberás que minha saudade
Poderá
Sobreviver por anos.

Doce engano.

 

Pedro Trajano
opoetatardio
opoetatardio.blogspot.com

  • Autor: Trajano (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 18 de novembro de 2024 10:59
  • Comentário do autor sobre o poema: A poesia tem o poder de transformar sentimentos em palavras, de dar forma às emoções mais profundas. Em Solidão Algemada, tentei traduzir o que é estar preso à saudade, ao desejo de um recomeço e à luta diária para seguir em frente, mesmo quando o coração ainda vive no passado. Este poema fala de amor, perdas e das perguntas que ecoam. Ele reflete a complexidade de aceitar que algumas histórias ficam inacabadas mesmo. Deixe nos comentários o que você sentiu ao ler o poema. Será um prazer saber como ele ressoou com você. Pedro Trajano opoetatardio
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 2


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