Analista Temporal

Vejo o senhor Tempo me buscar,

E, quando espero, ele não chega.

Um pensamento fútil de querer crescer

Sem desfrutar o que tenho para viver.

Talvez serei velho em pensar que sei de tudo,

Talvez serei novo por tal orgulho.

De novo, senhor Tempo,

Me deixa tão perplexo.

Insisto no relógio, no calendário sinto afeto.

Em ordem cronometrada, ele insiste em falar

Sutilezas de detalhes para me fazer pensar.

Acho que já está tarde,

Mas o tempo é relativo entre relações e motivos.

Analiso cada passar

Como um veneno, envenenado pelo tempo.

Cada Planck time, segundos, minutos, horas e dias por ano,

Vejo como passa rápido,

E meu desejar crescer me fez apodrecer.

Quando olho o relógio, me sinto vazio

Por saber que, de tempos em tempos,

Não fiz nada para valer.

Eu te vejo, senhor Tempo, te considero um analista temporal,

Que me fez perceber que não vale a pena desejar crescer.

E, enquanto conversamos, de novo vem à tona a pergunta:

"Me deixe voltar, e, num exato ano,

Poder viver e aproveitar o que desperdicei com o tempo."

Mas, antes de falar, ele sabe, é o Tempo:

Vê o futuro e o passado, e no presente é um analista do viver.

Só queria corrigir tudo que errei,

Me sentir uma vez certo,

Porque tudo que faço hoje em dia é por obrigação,

Sem nenhum tipo de emoção.

Lhe peço perdão por te achar um inimigo,

Porque agora percebo: alguém melhor, impossível.

Me acho como vinho:

Quanto mais o tempo passa, melhor fico.

Obrigada, senhor Tempo,

Agradeço o seu passar sem reclamar.

E lá, sem saber que seria sua última visita,

Ele me diz antes de sumir:

"A minha dor é querer voltar tudo e todos,

Mas com o peso de não poder interferir,

Só observar tal sofrimento, tal dor, tal ardor."

E então ele se foi.

E depois de um longo tempo,

Agora percebo:

Eu, o senhor Tempo, sou um analista temporal.

Com memórias, volto ao passado, mas sem poder ficar,

E, com escolhas, interfiro no futuro, estando no presente,

Um analista temporal.

O Tempo passa rápido demais.