Queria sentir mais fome pela vida, por tudo o que viver significa. Às vezes, sinto essa fome... mas me vejo queimando, com a alma em brasas, consumida pelo cansaço e pela fadiga. É isso que é viver? Lutar, correr, sobreviver, sexo e amor? Sinto minha alma arder até doer atrás dos olhos, corroendo o fígado como uma dose amarga de rum.
É só isso? Me lembro das tragadas de cigarro, do esforço inútil de lavar meu corpo, tentando remover o toque de suores alheios que me corroíam. Odiava isso. Odiava sentir a presença de pessoas que me faziam desprezar a mim mesma.
É isso que a vida é? Raiva, sexo, desprezo, bitucas de cigarro e vinho barato. Me lembro de lavar o rosto, tentando, em vão, voltar à realidade depois que um pequeno papel me fazia sentir invencível, empoderada... empoderada, uma droga. No fundo, eu me sentia um lixo, fugindo de mim mesma e do caos que me cercava.
Drogas, realidade, angústia... sentia raiva da fraqueza ao meu redor, desprezo por sentimentos alheios. Por que me incomodava tanto, se eu também era fraca? Por que, se eu também sou feita de papel?
E quanto aos toques, agressões, insultos? Lembro de ser chamada de "vadia" por fazer o mesmo que ele fazia. Qual a diferença? Um pênis? Uma voz mais grossa? Quem você pensa que é? Eu sou humana, tenho desejos, não sou apenas carne para o pedestal ridículo de ninguém.
Então beijo, toco, transgrido. Faço o que eu quiser, com quem eu quiser. Porque, no fim... quem sou eu? E quem é você?
A vida é só isso? Não. A vida é sobre mim. Apenas sobre mim.
Vou escrever aqui, vai que você passa para ler.
Com carinho e melancolia,
Apenas a porra da Alaska!
- Autor: Alaska (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 12 de novembro de 2024 12:26
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 7
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