Gracejo [ou Buraco Negro]

Carlitos Barbosa

Há uma década, talvez mais,  

em meio a uma noite sem paz,  

mergulhei num sonho sem eira nem beira,  

onde o meu coração, sentinela,  

tocou o lodo da escuridão.  

 

Senti no peito a força do despertar,

Qual fora um lírio na noite

Em plena luz do luar  

uma âncora na tormenta,  

um grito mudo rasgando o véu do sono;  

e por entre a cegueira das sombras,  

fiz da justiça meu farol.

 

Não a Justiça dos Homens, mas a Justiça da Vida  

 

Mas eis o mistério: não sei se venci,  

se atravessei ou fui tragado  

para as águas fundas de onde vim,  

pois ao raiar do dia, como areia,  

o sonho escorreu-me pelos dedos do presente,  

 

ficando apenas a lacuna de um evento  

sem desfecho, sem contorno,  

uma memória que paira na neblina,  

aonde o Meu Coração não alcança,

não alcançava, até então  

e tudo que resta é o enigma:  

 

acordei do pesadelo, ou ainda sonho?

 

Autor Desconhecido

  • Autor: Carlitos Barbosa (Offline Offline)
  • Publicado: 28 de outubro de 2024 21:39
  • Comentário do autor sobre o poema: eu sonhei com este poema
  • Categoria: Gótico
  • Visualizações: 5


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