Hoje voltei aos meus quinze anos de idade
e encontrei lá tudo como havia deixado
O mesmo quarto
as paredes cheias de pôsteres colados
a radiola na cabeceira ao lado
o armário abarrotado de gibis guardados
as calças bocas de sino da moda
a jaqueta de jeans desbotado
a revista Playboy bastante usada
escondida debaixo do colchão da cama
e a janela com a vista salgada do mar
A garota de cabelos cacheados alourados
para quem jurava amor eterno e queria casar
Os companheiros de pelada na praia
Martiniano com os músculos bombados
Bebeto com seu andar desengonçado
Lucinha com o aparelho de dentes na boca
o mundo que cada vez se agigantava
os sonhos acordados nos castelos no ar
com os quais iria mudar os rumos da Humanidade
Meus erros
meus poucos acertos
todos meus antigos e novos medos
minhas tantas oscilações e dubiedades
aquelas antigas aftas
minhas arrogantes certezas
as paixões frustradas
e a identidade até então não formada
Hoje voltei aos meus quinze anos de idade
e minha mãe ainda dormia no outro quarto
- Autor: joaquim cesario de mello ( Offline)
- Publicado: 28 de outubro de 2024 10:46
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
- Usuários favoritos deste poema: DAN GUSTAVO, Melancolia...
Comentários3
Lindo...! De vez em quando... ou 'em sempre' também faço esse tipo de 'viagem' embarcado na poesia! Uma boa tarde e semana!
Obrigado, Dan. Que continuamos a viajar alma adentro
Caro Joaquim, lindíssimo, com seu estilo fluido e leve... Poema que transmite cotidiano e intimidade... Senti uma saudade inexplicável... A poesia é uma magia e vc um mago...
Abraço, meu amigo
Agradeço, Hebron, pela gentileza do teu olhar
Como sempre, detonando nos poemas....
Tens o dom.
Exageros à parte, gratifica-me, Melancolia, sua apreciação e a amabilidade do teu comentário. Obrigado
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