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Eu sou um poeta que não sente. Escrevo por prazer, mas não sinto aquilo que escrevo; e isso alimenta meu maior receio: tornar-me um poeta que não cria poesias, mas as inscreve na areia, vulneráveis ao toque do vento e ao passar do tempo.
Sei que cada palavra carrega tudo o que tenho a dizer, mas nada do que realmente quero expressar; é apenas o que parece sensato falar. Mas seria sensato escrever apenas o que é sensato? Em minha visão, o ideal é sentir cada palavra como se fosse parte de mim; deve ser uma manifestação pura do que habita em meu ser.
Na correria do mundo, é difícil ser um poeta que expressa o que sente, pois nem todo sentimento é fácil de entender. Muitos deles são como sombras em um labirinto, especialmente aqueles que não podem ser facilmente definidos, como o sentimento de "ser um poeta que não sente". Esses sentimentos estão escondidos em um canto profundo, e é impossível agarrá-los, pois se vão rapidamente, como fogos de artifício.
Até o poema da minha vida carrega segredos não ditos, palavras que escrevo apenas por escrever, que arrastam minha vontade de criar, mas não a de desenhar poesias. Elas são como folhas secas que caem e morrem juntas ao chão; são apenas sussurros do que poderiam ter sido.
Será, por fim, este ensaio poético um reflexo dos meus pensamentos ou apenas mais um capricho de um âmago que por muito tempo considerei inexistente? Acho que, no fundo, não sou um poeta... Ou melhor, sou definitivamente "O poeta que não sente", um viajante perdido em um deserto de palavras.
- Autor: victoremmanuel ( Offline)
- Publicado: 20 de outubro de 2024 04:38
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 12
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