Em novembro terei mais cabelos brancos
além dos parcos que me sobraram
Em novembro diminuirão os neurônios
terei um punhado a menos de axônios
e meus serão neurotransmissores alterados
Em novembro estarei mais perto
de me reencontrar com meus pais
e com todos aqueles que estavam
no retrato do Natal de 1964
Em novembro passarei a ficar mais baixo
escutarei ainda menos a esposa falando
minhas cartilagens estarão mais afinadas
a massa magra se tornará ainda mais magra
e meus pés terão meia dúzia de novos calos
Em novembro minhas roupas estarão mais largas
meu peso na balança ficará modificado
o oftalmologista vai aumentar o grau
vou ter que renovar a carteira de motorista
e haverá mais uma vela no bolo de aniversário
Em novembro
tudo que é permanente se torna transitório
e a eternidade se desmancha no ar
- Autor: joaquim cesario de mello ( Offline)
- Publicado: 16 de outubro de 2024 17:16
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
- Usuários favoritos deste poema: Rafael Occon
Comentários1
Em novembro também estarei por lá.
Belo poema!!
Então, até novembro. Vamo-nos encontrar lá...
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