MIKIO, 169; BH, 0210502013.

IVANOVITCH MEDINA

A cada dia fica mais demorado o dia,

O trânsito não anda, Nada funciona E a máquina emperra-se; O serviço não rende, O dinheiro não basta E nem com a bunda se tem mais satisfação; Troca-se de bunda, De peitos, De defeitos; Camaleão, Troca-se a pele toda E olha-se ao espelho E indaga-se: De quem aquela imagem lá no fundo? E é aí que não se conhece-se a si mesmo, Nunca, Depois de tantas trocas, Tantas mudanças, Transplantes, Implantes: Qual é a identidade daquele elegante? E faz-se um mapeamento genético, Encadeia-se o genoma, Uma contagem de cromossomos, E com toda a mistureba, Não se sabe o nome da ameba; Micróbio não identificado, Vírus desconhecido; Germe irreconhecível, Verme de outros organismos; A cada dia que passa, Conectar o dia é pior, Mantenha-se à distância, Ainda há tempo de salvar-se em vida; Ainda há tempo de sair-se do universo, Há uma flor num vaso, Um tico-tico num jardim, Um colibri encantador; Inda há tempo de salvar-se, Há uma abelha numa colmeia a fazer o mel, Um calango no muro, Um urubu a adejar o firmamento; A cada dia que passa, É melhor deixar passar o dia, Para sentir o dia passar.
  • Autor: IVANOVITCH MEDINA (Offline Offline)
  • Publicado: 18 de julho de 2020 00:05
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 26
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Comentários1

  • IVANOVITCH MEDINA

    Prezados, poema da série Mikio, do Blog do Ivanovitch 2, grato.



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