Opostos não se atraem

Filha de Caim

Ainda hoje me recordo do sentimento

A sensação de escavar a minha própria cova

Seus olhos queimando meus ombros,

Os calos em minhas mãos ardendo

A madeira bruta da pá corroendo minha pele, a deixando em carne viva.

 

Você saliva com o cheiro do meu sangue e a visão do meu sofrimento, não é? 

Isso é loucura, eu sei, mas saber que eu era desejada me trazia paz.

 

Sempre que eu fecho os olhos

Você vem até mim

De forma recorrente

Tudo aquilo me deixou demente

Eu entendo que você cansou

Porra, até eu me cansei.

 

Aliás eu sempre me odiei incondicionalmente.

Mesmo assim, tentei me tornar amável...

Agora já não importa

Seu coração não me comporta

Eu sou muito espaçosa

E você tem um amor pequeno

Uma mente apertada e sua alma é fechada.

 

Eu sou o oposto

Sempre fui um desgosto

Uma tempestade turbulenta

Cheias de raios e nuvens

Afinal nós somos jovens, eu ainda tenho tempo,

Quem sabe um dia eu ache

Alguém que entre na minha tormenta

Me ajude a respirar e me ensine a amar

Que não tenha medo de se perder

Na imensidão do meu mundo

Na escuridão da minha alma,

Que desbrave meu submundo.

 

Uma pena eu não ter sido seu porto seguro

Mas como gostar do seu amor inseguro?

Do seu pensamento imaturo e o seu indefinido futuro

Agora cai entre nós... Você nasceu prematuro?

Acho que seu coração não se desenvolveu dentro do útero.

  • Autor: Filha de Caim (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de setembro de 2024 05:39
  • Comentário do autor sobre o poema: Mesmo que após tanto tempo, sinto que meu coração desprendeu de suas correntes. Engraçado que, consegui me livrar daquilo que você sempre desejou que eu morresse sentindo. Mesmo assim, sigo ainda aqui graças a Caim, que nunca deixou de me olhar. Como sempre, abençoados sejamos nós, filhos de Caim.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 8
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia...
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Comentários1

  • Melancolia...

    Tenso, intenso e profundo.

    • Filha de Caim

      Assim como todos somos, saudações Melancolia!



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