Em um percurso incerto, banhei-me de realismo. Um arremesso de dor congelava os sonhos. A esperança guiava meus olhos, mas a intuição gritava querendo alertar. Naquela contradição do ver para crer a verdade veio a tona. Então, porquê se queixar? Pés firmes sempre foram o meu forte, então após um certo congelamento do peito que ao mesmo tempo queimava, resolvi ruir. Derrubei com o martelo da razão todas as ilusões construídas. Nos escombros só tinha eu. Só eu! Engolindo pó, levantei. E caminhando não olhei mais para trás. Essa reconstrução não coloca-me como culpada, nem vítima, porém constatei uma certa covardia naquela ausência de um jogo limpo. E como as pessoas são diferentes e não usam as mesmas lentes que nós, tive que isolar todas as falsas ideias e jogar do precipício. A ferida pela lança não define-me como tal. Não é pelo fato de terem machucado que irei machucar. Sou sorridente, gentil, amorosa, carinhosa e uma boa filha - disse meu pai que é muito sincero. Rasguei contratos antigos de paisagens e castelos em minha mente. O "príncipe" se gabava, então tudo isso foi uma mera projeção. Lidar com uma pessoa de personalidade difícil é um fardo e faz-nos acreditar que temos obrigação de lidar. Chega-se ao cúmulo de se sentir inadequada. Percebi que algumas afirmações são meros disfarces. E tão logo de aprendiz virei graduada em perceber certas atitudes, blindo-me. O ser humano pode sim ser encantador, mas a qualquer sinal de psicose é automática a repulsa. As coisas não precisam ser complicadas. Tenho preguiça de certos padrões, que se dizem tão certos, corretos, tão dentro de uma bolha de narciso, e a cada dia mais quero ser comum, desprendida das Marias vai com as outras que não sabem quem são e para onde vão. Sem pretensão, eu não sou nada demais, apenas sendo verdadeira estou no meu próprio caminho e nas que floreiam comigo. Me fecho, me abro, sigo em frente e não desabo. Se o arremesso me jogar na lama, eu volto em lótus. E apesar de tudo sou o meu melhor bem, tenho meu valor e ainda assim volto limpa. Só preciso do essencial, e este me preenche...
- Autor: Lim ( Offline)
- Publicado: 1 de setembro de 2024 21:58
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 13
- Usuários favoritos deste poema: Bela flor, Melancolia...
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