Lápide silenciosa

Antonio Luiz

há muito ela era o pouco que tinha

mas morreu mais cedo do que se dizia

e sua alma se perdeu na névoa marinha

erguida do abissal da âncora que se ia

 

tirou da parede o home sweet home

do coração, lacrou as janelas e a porta

e sepultou sob uma lápide sem nome

verde-esmaecida, a esperança morta

 

chorou desesperado tempos tão doídos

como fossem castos seus olhos congestos

prostrado à muda testemunha defunta

 

não pôs epitáfio, fotografia ou data

temia que ao se exumarem seus restos

achassem ali os seus sonhos perdidos

 

 

-- esse soneto foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 18/07/24 --

  • Autor: Antonio Luiz (Offline Offline)
  • Publicado: 18 de julho de 2024 10:08
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 5


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.