Desalegre, era como tudo parecia. Difícil adivinhar ao certo. Menos ainda poderia arriscar as razões da talvez desalegria.
Tremulava um vestido de cambraia bordado sobre o corpo e isso me permitia diagrama-la. Meus olhos em fios de sabre estilhaçaram as roupas.
Absolvi apenas as anáguas porque não eram exatamente anáguas. Eram grinaldas que ela carregava um pouco abaixo da cintura.
Farejei o perfume das sílabas inventadas por meu faro e, sem que ela percebesse, a escravizei.
Reduzi sua liberdade a meus braços e meus desejos.
Tudo em silêncio.
Depois toquei suas mãos e me pus dentro delas com lábios pontiagudos.
Sem tréguas, surgi em seus ombros descalços e
os devorava
e os polia,
os devorava
e os polia,
os devorava
e os polia.
Amá-la, me restituía à vida. Assim, consciente do dever de viver e de amar, tatuei cada pétala de grinalda com meu glacê
Preamar
Maré alta
Maré baixa
Maré alta
Maré baixa
Maré alta
Ali desenhamos o nosso próprio evangelho.
Desfiamos um terço celeste em orações gemidas em hábeis línguas.
Nenhuma cerimônia mais:
Só uma missa
Só um único testamento.
Amém.
- Autor: marcia danieli alves de souza ( Offline)
- Publicado: 13 de julho de 2020 10:01
- Categoria: Amor
- Visualizações: 8
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