Preso entre emoções, passado e futuro.

Calebe Melo

Eu sinto que nunca serei amado pelas pessoas,
Não sei se isso foi imposto a mim ou se eu mesmo busquei a solidão.
Acho que uma das piores sensações é a da incompreensão sentimental e emocional,
Ou talvez seja a falta de tentativa de compreensão.
Mas sinto-me hipócrita apontando erros sentimentais dos outros,
Sendo que eu mal tenho empatia.
Ao mesmo tempo que sinto tudo, acabo por não sentir nada.

Ou está sempre doendo, ou eu não sinto nada,
E as duas situações humanas me corroem.
Nada parece ter sentido, ao mesmo tempo que tudo tem um significado.
A morte dos outros me assusta,
Mas a minha morte me acalma.
E os pensamentos, ou a falta deles, me corroem.

Sinto-me inútil sem dinheiro,
Odeio-me enquanto vendo meu tempo.
Sinto-me burro por pagar para aprender.
Um ditado sobre conhecimento ser a única coisa que não podem tirar soa errado,
Pois a cada informação que meu cérebro absorve,
Outras três acabam sendo enterradas pelo caixão extremo de memórias
Que talvez um dia, por acaso, eu lembre,
Ou jamais serão tocadas novamente.

Momentos incríveis se perdem tão rápido quanto a luz efêmera de fogos de artifício,
Mas talvez isso seja o que traz beleza à vida:
Tudo que contém vida, morre.
E com isso, sinto-me frustrado que algum dia perderei todos,
E todos me perderão.

A impotência de não conseguir ajudar uma simples visão se esvaindo
De uma jovem mãe que, aos 50 anos,
Tudo o que faz é para os seus filhos mais jovens, que não entendem nada sobre nada,
Me entristece cada dia mais,
Vendo a aparição cada vez mais repentina de cabelos brancos
De uma alma tão pura,
Que mesmo machucada pelas pessoas,
Acaba por perdoar e não carregar mágoas.

Cada dia minha alma clama para que exista realmente uma divindade
Que julgue todas as almas maldosas deste mundo
E crie conforto nas benevolentes.
Porém, sei que sou uma alma maldosa e espero pagar por todo mal
Que já causei a qualquer pessoa que não mereça.
Mas peço que, se talvez, existir um paraíso,
Tudo seja justo e pacífico,
Que existam longos mares,
E que só a ideia de explorá-los por completo seja quase uma loucura,
Terras abundantes, cheias de muito amor e paz.

No fundo, sinto que isso seria impossível aos meus olhares humanos,
Parece que a maldade está enraizada bem fundo na mente e no corpo humano.
Tantas mortes, quantas guerras, tristeza causada somente pelo ego,
Às noites, consigo ouvir algumas vozes que vagam pelo mundo,
Implorando para não sofrerem mais,
Sussurros me contam histórias que nunca vão ser ouvidas,
Páginas contêm felicidades, tristezas e outros sentimentos,
Escritos e perdidos pela corrosão do próprio tempo.

O oxigênio nos degrada ao mesmo tempo que nos constitui vida,
Parece que a morte é um ciclo sem fim.
Sinto-me triste por tantas vidas que não são vistas, contadas ou ouvidas.

  • Autor: Aidoneus erastís (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 29 de junho de 2024 03:44
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5


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